A Carência Fanática e Anêmica do Ser Humano

Cinema, Televisão terça-feira, 14 de junho de 2016

Eu vou reclamar que algo muito batido, mas foda-se: Chega de continuação. De prequel. De nova trilogia, de spin off, que continuação nos quadrinhos, de graphic novel e de minissérie pra internet. O problema é que fã é tudo uma bosta, sem nenhuma vontade própria, uma falta intrínseca de bom senso e bom gosto e total e completa incapacidade de aceitar finais. Porque, olha só: Tua mãe vai morrer. Teu pai também, você, teu cachorro, a vizinha gostosa, o carteiro (Que é o seu pai biológico) e esse monte de sanguessugas que você toma por ídolos.

Cê sabe há quanto tempo Law & Order SVU tá no ar? Dezesseis anos. O Law & Order original teve 20 temporadas. NCIS está em 13 e já foi confirmada por mais duas. Velozes e Furiosos terá 10 filmes, estando atualmente no sétimo, e já estão falando em spin offs com o The Rock. E eu sei que não é a praia do Bacon, mas One Piece tem 81 volumes, em 828 capítulos no mangá, além de 18 temporadas e 748 episódios do anime. Só de ouvir falar em One Piece eu já fico puto da cara desgraçado da minha cabeça. O Ash, véi. O filho da puta do Ash. Era do Gelo vai pro seu quinto filme, contrariando todas as expectativas e desejos do público.

 Cê acha que isso aqui é reprise?! DEZENOVE ANOS DE PRODUÇÃO, pode ir checar.

Cês tem noção que The Big Bang Theory já tem 9 temporadas? Tem três séries chamadas NCIS, sendo que estas já são continuação de outra série, JAG, que durou 10 anos. Law & Order tem 6 séries diferentes, além de duas novas que, ao que tudo indica, já estão em produção. Além do filme, as adaptações estrangeiras, os videogames e, claro, os crossovers com meia dúzia de outras séries. E é melhor eu nem começar a falar dos quadrinhos propriamente ditos; é putaria demais pra texto de menos.

Eu já falei disso aqui, outras gentes já falaram disso aqui, mas puta que me pariu, cara. Eu entendendo perfeitamente você gostar pra caralho mesmo de alguma coisa, e eu entendo perfeitamente a gente que tira milhões e milhões de dinheiros de programas de TV, séries, jogos, desenhos, filmes e tudo mais. Não que eu concorde com essa gente, pra mim a obra vem primeiro, mas é totalmente compreensível tanto econômica quanto psicologicamente que nego continue ordenhando as tetas do “sucesso” com a dedicação de quem chupa uma piroca de cerveja no meio do Atacama. Não, o problema, pra variar, é o público.

O cinema nacional é maneiro porque é praticamente um sindicato.

É o tipinho de gente que acha muito incrível demais pra chuchu sair de casa e ir assistir o segundo Homem-Aranha 2. Que compra mochila do Rambo QUATRO do filho de 6 anos ostentar exibir pros amiguinhos na escola. É o tipo que compra hype pra adaptação de série de livros e, ao ficar uma merda, diz que tá tudo bem porque “é uma adaptação, não dá pra ser 100% fiel mesmo”. Já disse e repito: Se ser elitista significa ter padrões pode me mandar pra forca que eu vou por vontade própria.

Como pode ser tão difícil aceitar que há obras que tem começo, meio e fim de uma vez só? Que não precisa mostrar mais, que não precisa explicar, que não tem motivo pra expandir universo? Porque isso vai além de “gostei, quero mais” e acaba por entrar na seara da estupidez funcional. É o mesmo público que compra livros como “Entendendo a Arte da Guerra”, “O Segredo explicado”, “Porque o Juiz Reserva Levanta a Bandeirinha Quando É Impedimento e O que É Impedimento Afinal de Contas”. O ser humano aprende pela observação e pelo exemplo, é por isso que, entre tantas outras coisas, você tem uma língua nativa: A espécie sobreviveu por dezenas de milhares de anos no “olhe e aprenda” e você, sua porta retardada, não consegue entender o que acabou de ver?! Porra, meu filho, até duzentos anos atrás a gente consertava isso jogando bebês de penhascos. E funcionava muito bem.

Freud estaria satisfeito pra caralho com isso tudo, porque aí sim daria pra culpar a falta de amor paternal por tudo. Porque essa coisa de não conseguir se afastar de algo que gosta é doença. E eu não estou exagerando, é literalmente considerado doença, e ainda dá pra escolher: Falta de atenção durante o desenvolvimento, superproteção paterna, alteração química, desequilíbrio hormonal, má formação fetal, traumas, efeitos colaterais, resultado de problemas durante a gestação. A lista continua, é imensa, e não é só uma questão de mandar o Zezé Di Camargo calar a boca ou se cadastrar na OLX, esse é o tipo de comportamento obsessivo que demonstra claramente o despreparo psicológico de alguém em lidar com o mundo ao seu redor: “Se não tiver mais, vou fazer abaixo assinado”.

É um comportamento que beira o vício. Só um Transpotting?! E Laranja Mecânica? Os Mercenários 4 é pra 2017 ou 2018? Clube da Luta 2? E Goonies 2? Mas e Distrito 9 ein gente? E não vai ter G.I. Joe 3? Matrix 4 vai se passar antes ou depois do último jogo? Kick-Ass 3 alguém?! Mas vai ter O Gigante de Ferro 2 ou não?

O problema é que esse tipo de mendigagem patética dá certo. Os Incríveis, Zombieland, Procurando Dory, mais da metade de Supernatural, Cloverfield, as cinco últimas temporadas de Lost, todos os spin offs e OVAs e especiais e fillers de Naruto, Independence Day, todos os filmes do Wolverine, Zoolander, Jurassic Park, Zathura… Quantas vezes o Freddy e o Jason caíram na porrada? Alien e Predador? E eu nem vou entrar na questão dos remakes.

Às vezes dá certo, é verdade, taí Mad Max pra provar, junto de De Volta para o Futuro, Planeta dos Macacos (Se bem que há controvérsias né…), o reboot nos cinemas de Star Trek, Shrek 2 (E só o 2), Toy Story 3 (Consertando o 2, diga-se de passagem), O Cavaleiro das Trevas… Eu sinceramente espero que Os Incríveis funcione. Procurando Dory também, mas basta olhar pro passado e ver que as chances são mínimas. E ainda assim tem gente que enche a boca pra dizer que Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal merece continuação. Que Watchmen é o melhor filme de super heróis do mundo e tem que ter o dois. Tem gente que jura por tudo que é sagrado nesse mundo que Star Wars não só precisa de uma nova trilogia como também fez muito certo em apagar o universo expandido pra criar outro universo expandido. STAR WARS É PRA OTÁRIO, VÉI, TU É UM OTÁRIO.

 “- Mais como póde?”

Massa de manobra foi há 38 XP atrás, cê digievoluiu e agora é Otário Branco dos Olhos Azuis ó o racismo inverso, teu especial é a Síndrome de Estocolmo com a carta virada pra baixo. Porque quando essa gente te enraba ela vem por cima. E tu gosta tanto que quer o Exodia também.

Porque essa vontade constante de ser alimentado o tempo todo não tem como se sustentar, cedo ou tarde cê tem que mastigar as coisas antes de engolir, e pode acreditar, a maioria delas não só vai ter um gosto ruim como também vai te fazer cagar mais líquido que sólido. Porque é ruim. Porque até mesmo a melhor das minas de ouro se esgota um dia e aí, quando você para pra ver, tudo que tá saindo de lá é lama e cascalho. E aí não tem volta, porque você já está enterrado nesse monte de porcaria que você gosta tanto.

O quanto alguém, o público, precisa apanhar pra aprender alguma coisa? Tem coisa que funcionava 30 anos atrás e não funciona mais, tem coisa que simplesmente não se encaixa com a sociedade atual, tem coisa que está melhor do jeito que está. E isso vale tanto pro que é bom quanto pro que é ruim. Eu não estou falando que tem coisas que são sagradas, aliás, já que estamos no tópico: Nada é sagrado. Mas essa falta de graça divina não significa que o melhor a se fazer é desenterrar, tirar o pó e usar de novo.

Tem obra que está pronta, simplesmente pronta. Tudo que ela queria mostrar, a história, os personagens, tudo correu de acordo com o plano, e, portanto, não tem porque fazer mais nada. Tem história que não está concluída, mas é justamente o ponto da obra não concluir tudo e você, quer goste ou não, tem que aceitar isso. Porque foda-se você e, o que você gosta e o que você quer, a obra tem que, primeiro de tudo, respeitar a si mesma. E quando não respeita, dá merda. Eu entendo a vontade estúpida de querer saber no que a coisa toda vai dar, ter um “encerramento” em algo que você acompanhou, mas MEU DEUS, será que não dá pra notar quando cê tá caindo na mesma armadilha DE NOVO?! Uma vez é de boa, duas também, e a terceira passa porque, afinal de contas, o começo foi foda pra caralho, mas daí pra frente não tem desculpa nem perdão: Você merece tomar no cu.

 Eu sei que meu histórico de navegação é uma bagunça porque quando eu pesquiso por “exame anal” no Google metade é putaria e metade é caso clínico gravíssimo.

E, no fim das contas, é isso aí que se tem: Esse monte de lixo parte 5 que se vê nos cinemas, na TV, no raio que o parta. Porque tem gente disposta a sair de casa pra levar uma bordoada na fuça e agradecer por isso. Acredite ou não, a galera do BDSM tem limites, limites esses que esse tipo de público capacho não chega sequer perto de ter. E sangue de barata anda lado a lado com o empobrecimento cultural. É o tipo de comportamento que me faz levar à sério as teorias de conspiração sobre lavagem cerebral, não porque tem gente que consome essas porcarias, mas porque elas continuam consumindo essas porcarias vez após vez. Só pode ser alguma coisa na pipoca, pra que quando o pote chega no final todo mundo perde imediatamente a memória do que acabou de ver. Coca diet batizada.

E nem adianta querer culpar a falta de educação, falta de repertório ou falta de dinheiro: O tanto que essa gente gasta enriquecendo essa meia dúzia de filhos da puta dava fácil fácil pra comprar a porra dum dicionário e pagar alguém pra te fazer comer página por página dele. Porque se é pra se comportar feito animal, comer árvore é sempre um bom começo.

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