Buena Vista Social Club – Rhythms del Mundo Cuba

New Emo quinta-feira, 10 de junho de 2010

Na medida da paciência possível, vou postar sobre alguns álbuns, na maioria não tão convencionais. O caso de hoje é de um inesperado sucesso internacional ou o avanço da música de uma terra commie. Os mais hardcore vão torcer o nariz para uma música vinda de terra ilha tão exótica como Cuba, mas tenho certeza que ao menos uma música da playlist chamará a atenção. E depois de ouvi-la, caro amigo, cê vai querer ouvir tudo. Curiosidade criativa.

Aliás, não caiam no mesmo erro que o meu, que há uns anos atrás, virei a cara para este magnífico trabalho justamente por ser de um ritmo um tanto quanto inexplorado por mim. E claro, perdi de apreciar na época.

Com todo aquele ar de putaria sensual que é inerente a lugares do tipo, o Buena Vista Social Club foi um club de dança, música e festividades nos anos 1940. Hoje, são simplesmente os cubanos mais vendidos do mundo. No bom sentido, porra.

Eles tinham uma característica especial, que era não ter uma escalação de membros engessada. As gerações passavam, os músicos morriam, outros entravam, e assim prosseguiam com a lenda do Buena Vista Social Club, sempre mantendo o alto nível alcoólico de seus trabalhos. Além de que, praticamente todos, combinando com o descaso financeiro comunista que atinge a ilha pós-revolução, são de origens bastante humildes. Muitos nem tinham instrumentos para ensaiar. Rubén Gonzáles, o pianista, esperava o zelador do estúdio para poder tocar. Ibrahim Ferrer, vivia na obscuridade, que é menos empolgante que o lado negro da Força.

 “OOO sole miooooo!”

Olha, eu sei que eu pego muito no pé dos vermelhinhos, mas veja só o que aconteceu com eles, depois de encontrarem um bom lugar para se reunir e tocar: Logo depois da revolução de 1959, o presidente ditador, fervoroso cristão, baixou a ordem de fechar todas as casas noturnas, a fim de impedir a depravação. Como se fosse depravação se reunir para tocar.

Uns 50 anos depois do fechamento, um guitarrista americano chamado Ry Cooder decidiu reunir os velhinhos novamente para organizar um material. Então, foi produzido o álbum homônimo, com expectativa de 100.000 cópias de vendagem. Ganha um doce de charuto quem acertar quanto vendeu. SOMENTE oito milhões.

Com esse sucesso, foi feito um documentário, tão aclamado quanto o disco, mostrando coisas bem interessantes, como a noção de coletivo e abandono do ego. Mas, infelizmente, a música é feita de homens, e homens morrem. A música não. Nossa, que poético. Enfim, o fato é que grande parte da formação clássica se foi pro outro plano na década de 2000.

“Mas por que caralho tu vais falar de OUTRO álbum?”

Porque é de ficar admirado encaixar isso tudo numa música mais rocker, ou até mesmo pop. E tenho certeza que a galera do Bacon Frito vai prestar mais atenção se eu disser que no meio tem Jack Johnson, Arctic Monkeys, Kaiser Chiefs, Radiohead, Franz Ferdinand… Essas porra, misturada numa tigela latina.

BUENA VISTA SOCIAL CLUB – RHYTHMS DEL MUNDO CUBA

2006

1. Clocks – Coldplay
2. Better Together – Jack Johnson
3. Dancing Shoes – Arctic Monkeys
4. One Step Too Far – Dido & faithless
5. As Time Goes By – Ibrahim Ferrer
6. I Still Haven’t Found What I’m Looking For – Coco & U2
7. She Will Be Loved – Maroon 5
8. Modern Way – Kaiser Chiefs
9. Killing Me Softly – Omara Portuondo
10. Ai No Corrida – Vanya & Quincy
11. Fragilidad – Sting
12. Don’t Know Why – Vanya
13. Hotel Buena Vista – Aquila Rose & Idana
14. The Dark of the Matinée – Coco & Franz Ferdinand
15. High and Dry – Lele & Radiohead
16. Casablanca – Ibrahim & Omara (Bonus track)

Antes de mais alguma coisa, quero deixar aqui registrado minha insatisfação com a língua anglo-saxônica, por produzir essa palavra que é uma grande sacanagem, “rhythms”, que até hoje não sei escrever e funciona na base do copiarcolar.

Esse álbum não é uma produção exclusiva do Buena Vista Social Club (Caralho, acho esse nome fodástico, como os emos falavam uns anos atrás), mas fica bem perceptível o tom de homenagem, como se a festa toda fosse produzida para eles.

É um álbum colaborativo para benefício de uma associação de artistas que visam diminuir os efeitos das mudanças climáticas, essa temática chata bastante combalida, e consiste nas músicas desses artistas gringos mainstream em ritmo de Havana. Os vocais permanecem praticamente inalterados, mas os arranjos sofreram mudanças espetaculares. Até a veadagem do Coldplay ficou do caralho na mão desses latinos! O trabalho que o Buena Vista Social Club fez é único. Não é como covers e versões, com mudanças básicas. As músicas estão realmente diferentes, e muitas melhores que as originais.

Com certeza, essa é o melhor volume do projeto Rhythms del Mundo.

A primeira parte se fixa nesse perceptível método, e a segunda, tão boa quanto, submerge de uma vez no latin. Então, pegue logo o seu, chame a muié pra curtir e dançar.

Pelo menos não foram hipócritas e fizeram todos os materiais do álbum em componentes biodegradáveis e recicláveis.

Post Scriptum: Recentemente saiu um volume novo, intitulado Classics, com uns rocks mais antigos, seguindo a mesma temática do Cuba. Tem muita coisa boa também, apesar do Buena Vista Social Club estar com uma formação bem diferente, por causa da Dona Morte.

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