Bates Motel

Televisão quinta-feira, 04 de abril de 2013

Psicose deve ser o filme mais famoso de suspense/terror EVER. A cena do chuveiro com a trilha do incrível Bernard Herrmann é emblemática. E se você não sabe disso ou não conhece o personagem Norman Bates, nem merece que eu esteja me dirigindo a você. Mas se conhece e está curioso para saber como o simpático e tímido rapaz virou um assassino de mulheres, pode assistir ao quarto filme da franquia. Ah, ou também pode assistir Bates Motel, nova série do A&E.

A história se situa logo após a morte do pai de Norman Bates, o que motiva a mudança de mãe e filho para o Oregon, com objetivo de começar um novo negócio e uma nova vida. Instantaneamente, o rapaz conhece umas meninas super lindas que ficam dando em cima dele no caminho para a escola, trocando olhares e etc. Nunca imaginei o personagem fazendo sucesso com mulheres. Apesar de inteligente, ele é todo desajeitado e desengonçado, se sente desconfortável perto de garotas e não consegue se expressar muito bem. E o ator é até bonitinho, mas tem uma cara de assustado de dar dó.

 Em minha defesa, ele era bonitinho quando fez Em Busca da Terra do Nunca.

E nesse ponto você já percebe a influencia da mãe sobre Norman, que não permite que ele saia com as amigas “para estudar”, fazendo chantagens emocionais sobre como está sempre sozinha e não pode contar com ninguém e blablabla. Norman toca o foda-se e sai pela janela, como qualquer adolescente normal. Infelizmente, Dona Norma prova o ponto dela quando o dono anterior do motel vai até o recinto para estuprá-la trocar uma idéia sobre o novo negócio e ela precisa do auxílio do filho para matar o sujeito defendê-la da hostilidade do homem. Isso acaba por engessar o jovem rapaz, impedindo que ele faça as coisas que tem vontade de fazer. Esse é o exato momento, acredito eu, que define a relação de dependência e obsessão que ele mantém com a mãe, até assassiná-la com estricnina tempos depois. Isso não é spoiler da série, é spoiler do filme. Sorry, dudes.

Norma Bates, por sinal, é uma figura desprezível. A cada cena tenho vontade de socar a cara dessa jovem senhora. Egoísta, incompreensiva e extremamente inconveniente. Pra começar, ela combinou o nome do filho com o dela, o que é ridiculo e motivo de bullying eterno. Quando conhece Emma, amiga de Norman que tem uma doença grave, além de tratá-la com certa rispidez, tem coragem de perguntar a expectativa de vida da garota. Que mulher é essa, jesus? Não apenas por isso ela é um péssimo ser humano. Além de Norman, descobrimos na série que ela tem um filho do primeiro casamento, Dylan, e trata o rapaz como lixo. Ao aparecer na pequena cidade de White Pine Bay, ele se queixa por ela não ter avisado da mudança e não ter deixado nem um endereço. Verdade seja dita, o rapaz não é flor que se cheire, mas que mãe é essa que se muda e não deixa nem um número de contato para o primogênito? Até porque a série se passa nos dias atuais, então alguém da família deve ter um celular!

O maior problema da série é justamente ela não se passar na década de 50. Sou chata, gosto de linearidade. Fazer uma prequel que não se passa nos anos anteriores aos eventos do livro/filme original não faz sentido. Se o livro é de 1959 e o filme de Hitchcock, de 1960, a história deveria se passar no inicio da década de 50, para não dizer final da década de 40. E não faz sentido não ser assim, visto que a cidade é bastante rústica, assim como os móveis do motel. A TV do quarto de Norman é em preto e branco e Dylan, em certo momento, ouve música em uma vitrola. A única coisa que, de fato, te localiza nos anos 2000 é o iPhone do Norman. Se queriam dar um toque de antiguidade que a série fosse toda antiga, ora bolas.

Outro estranhamento foi a história de Norman e Emma, que investigarão um crime antigo da cidade, algo relacionado a tráfico de mulheres e prostituição. Norman Bates não é a delegada Helô de Salve Jorge. É, ou deveria ser, um menino atormentado pela mãe, sexualmente reprimido, com desejos incestuosos encubados. Não quero uma série investigativa, quero conhecer a rotina da família Bates antes de Norma se tornar uma boneca empalhada. Do jeito que o protagonista está sendo retratado, não consigo imaginá-lo como um futuro serial killer e matricida. No máximo, como um jovem com ejaculação precoce.

 O único Norman Bates que vale a pena.

O seriado ainda está no inicio, não sei se vai deslanchar e provavelmente não me interessarei em descobrir. Por enquanto ainda não disse a que veio, com a história meio perdida, meio morna. Vera Farmiga e Freddie Highmore são bons atores, mas não conseguem salvar Bates Motel do marasmo. Nada nela me despertou vontade de seguir assistindo. Não sei se minhas expectativas estavam altas demais, já que sou fã de carteirinha de Psicose, ou se a série é so ruim mesmo. Quem tiver coragem de assistir depois me conta.

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