Lixo cultural: as lixeiras

Analfabetismo Funcional segunda-feira, 15 de junho de 2009

Eu tenho uma mania meio besta, que já me fez entrar em algumas confusões, mas todas acabaram bem, pelo menos pro meu lado. Apesar de ser uma mania que pode tirar o serviço de algumas pessoas, não consigo resistir quando tenho oportunidade de colocar ela em prática.
Eu reviro lixo.
Mas não é qualquer lixo, sabem. Aqui em Curitiba tem os dias em que passa um caminhão especial, dedicado a catar lixo reciclável. Embalagens plásticas, garrafas de vidro, restos de poda de árvores e o que eu considero principal: revistas e livros.
Sim, aqui tem gente que por algum motivo obscuro joga fora livros e revistas. Apesar de aqui ter um sebo a quase cada esquina, esse povo joga revistas e livros fora. Não que eu esteja reclamando, é claro, mas eu fico me perguntando o porque de isso ser feito.
Nesse inicio de ano/final do ano passado, não me lembro direito, eu estava fazendo uma ronda por um bairro de elite aqui da cidade, onde os ricos jogam os lixos mais valiosos. Eu já havia visto mais cedo naquele dia um catador de papel com uma máquina de lavar no carrinho e outro com uma TV, então aquele podia ser meu dia de sorte. Minha mochila sempre está vazia nesse dia, só com o mínimo possível. É horrível ter que deixar algo para trás porque não tem como carregar.
Bom, estava eu andando pelas ruas, olhando ocasionamente um saco que me chamava a atenção, quando vejo uma caixa jogada na rua. Dentro dela havia uns livros de psicologia, coisas novas, antigas, alguns volumes de capa dura e outros mais simples, devia ter uns 30 livros naquilo e eu fiz a medida e vi que metade daquilo não caberia na mochila. Escolhi alguns e deixei os outros por lá. Nesse dia considerei minha exploração finalizada, pois tinha conseguido alguns livros novos. E de graça.
Fiquei pensando em que motivo faria uma pessoa que estuda psicologia jogar livros fora. Mesmo que eles sejam inúteis para a sua profissão, com certeza eles poderiam ter alguma utilidade para algum colega, sendo mais fácil presentear ou doar para algum colégio/faculdade.
Mas o tempo passa e eu deixo os livros em casa, jogados num canto, se abri eles alguma vez, antes, não me lembro.
Bom, eu tinha quase me esquecido disso, se não fosse um detalhe. Conheci uma pessoa esses últimos dias que citou um dos livros que achei no lixo. Quando contei a ela em que circunstâncias eu havia achado ele e muitos outros ela ficou de queixo caído. O livro em questão era o Como a mente funciona, de Stephen Pinker. Pesquisando um pouco depois sobre esse livro, cheguei a conclusão que lixeiras são o lugar mais surpreendente de se achar cultura. Mas é claro, existem outros…

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