How to Draw Comics the Webcomic way

HQs sexta-feira, 26 de julho de 2013

Há um tempo atrás falei do Terapia, uma HQ que é publicada no Petisco, um projeto em que cada dia da semana é publicada uma nova página de uma das suas histórias. E recementemente começou por lá uma nova história, Samsara Vortex… Mas não é dela que eu vou falar.

 Mal aí, véi.

Sempre que se debate um conceito é um problema, pelo simples motivo que conceitos são relativos, e é justamente isso que eu estava fazendo ontem, me perguntando acerca do papel das histórias em quadrinhos, qual “mensagem” elas paçssam e como fazem tal coisa. Melhor falando, eu me questionava acerca das webcomics especificamente: O formato, sobre o que falam, como solucionam “problemas” em termos da própria história e em termos dos desenhos.

E bem, meio que cheguei à conclusão de que temos muito poucas webcomics. Seguinte: A internet, como meio de comunicação, abriu caminho para a divulgação/publicação de muitas coisas, entre elas os quadrinhos. Em outras palavras, a internet é uma alternativa às fanzines, às publicações independentes e às publicações por meio de editoras: É mais fácil, rápido e barato, além de ter um alcance maior. Em suma, uma webcomic é apenas um jeito diferente de fazer a mesma coisa… E é aí que tá o problema.

 Quase isso.

Há milhares e milhares de webcomics no mundo; inclusive uns 2 ou 3 anos atrás houve um crescimento foda na área aqui no Brasil, mesmo o troço já existindo há um certo tempo. O Pizurk mesmo lê umas 50 (E não estou exagerando [Nota do editor: Tá sim, são 32 e boa parte tem atualizações tão frequentes quando a passagem do cometa Halley, quando tem]), mas é vagabundo demais pra fazer um post sobre elas. A questão é que a gigantesca maioria das webcomics são, simplesmente, “quadrinhos na internet”. Você poderia vê-las impressas, publicadas do modo que for, e estariam à venda em bancas do mundo inteiro. E isso, de fato, é o que acontece: Várias das webcomics nacionais ganharam versões impressas, algumas delas até mesmo já tem mais de um volume publicado, e, creio, isso também acontece em vários outros países.

Sei que o principal ponto de escolher a internet como “plataforma” pra uma história em quadrinhos é a facilidade da coisa toda, afinal, há gastos que você não tem, há a facilidade de ser algo digital e não físico e há toda a vantagem de o trabalho estar disponível para o mundo inteiro, mas se eu posso ver exatamente a mesma coisa em papel, impresso bonitinho, e poder tocá-lo e tudo mais, por que ver isso na internet? Eu sei que também é mais fácil ver o troço na internet, mas por que o material, o conteúdo, é o mesmo, se são mídias diferentes?

 Tá foda ilustrar este texto…

E aí voltamos pro começo do segundo parágrafo: Conceitos. O conceito de “história em quadrinhos” é um, o conceito de “mídia” é outro, e juntando os dois, ao menos para mim, há a formação de “histórias em quadrinhos” e “webcomics”, e é aqui que entra Samsara Vortex. O troço é escrito e desenhado pelo Caio Yo, um maluco que já fez uns troços aí e já tem uma certa “fama” em relação aos quadrinhos, e conta a história de um cara que está preso sabe-se lá onde, mas que na verdade é está dentro de um videogame (Avisei que tem spoiler?).

Entretanto, o grande trunfo de Samsara Vortex não é sua história, nem a arte, nem o autor e nem nada disso, mas o simples fato de que esta sim é uma webcomic: Seria simplesmente impossível imprimir o gibi e ter o mesmo conteúdo. Haveria perda de coisas importantes e legais, consequentemente haveria perda de qualidade… Seria outra história. É, sem sombra de dúvida e sem meios de ser outra coisa que não um webcomic, um “quadrinho para internet”, e faz isso de um jeito muito simples:

 Através de gifs.

É algo banal, boboca até, mas quadrinho nenhum no mundo pode ter imagens que se mexem, coisa que a internet faz com a mais absoluta facilidade. A graça de Samsara Vortex está aí, num recurso muito simples, utilizado de forma simples, mas que significa que o único jeito de essa história acontecer, é onde ela é feita: Aqui, em meio digital, na internet. Provavelmente, com o decorrer da história, o recurso será melhor utilizado e outros recursos aparecerão, espero e torço para que isso ocorra, mas quanto mais isso for levado adiante, mais impossível será transportar essa história para qualquer outra mídia. Uma adaptação para uma história como essa não é uma opção.

Acontece que, no fim, isto aqui não é sobre Samsara Vortex, é sobre as webcomics. Provavelmente há várias outras que utilizam gifs e/ou outros recursos para tal, e não quero, neste post, sair falando sobre webcomics “de verdade”; pra falar a verdade, a única que eu conheço é Samsara. Mas a diversão fica em ler (E ver) algo que eu não poderia ler (E ver) de outro modo. Se eu quisesse ler qualquer outra webcomic “normal” eu simplesmente iria até a banca e a compraria. E isso independe de ela ter versão física ou não.

Acho que já é tempo de pensar no que leva alguém a fazer um quadrinho com a intenção de publicá-lo na internet e simplesmente ignorar todo o potencial que isso lhe permite: Não só é um desperdício, como é fazer o que milhões já fizeram antes, mesmo que sua história e sua arte sejam absurdamente incríveis. Não é uma questão de qualidade, criatividade e/ou habilidade, mas sim de material. Uma das ferramentas mais poderosas já criadas pelo ser humano está a sua disposição, não se limite pelos limites de uma prensa.

E pelo amor de deus, dê um nome mais legal pro seu protagonista.

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