Ajude a Globo a salvar a TV do futuro

Televisão quarta-feira, 23 de abril de 2014

Já ocorreu à vocês que, em algum momento do futuro, pode ser que não tenhamos mais a Rede Globo? Pois é, pode acontecer. Claro que há empresas com centenas de anos, mas ei, tudo acaba, cedo ou tarde. E se a Globo acabar lá por 2050? Quero dizer, você estará velho, careca, provavelmente usando fraldas, mas ainda vai estar aqui… E aí?

Bem, senhores, se formos julgar pela concorrência, estamos em maus lençóis: O Silvio Santos pode ser uma deidade atemporal tal qual o Cid Moreira, mas em algum momento o velho tem que bater as botas e largar o osso pras filhas dele. Então, ainda que ele sobreviva à queda da Globo, não vai durar muito: A vida inteira ele combateu a família Marinho e seu reinado manipulador e imperialista, mas sem isso, não dura nem três anos. E, como todos sabemos, além do luto oficial de um ano e meio, a morte do Silvio Santos significa o fim do SBT.

Sem as duas maiores emissoras de TV dos últimos 70 40 anos estaremos então à mercê de Record, Band e RedeTV! (Meu deus, que nome estúpido). Não sei vocês, mas eu prefiro perfurar meus próprios olhos com vibradores à assistir Amaury Jr., João Kleber e Luciana Gimenez, o que dirá então de versões mais jovens, burras e sem carisma deles. Isso pra não falar no Dr. Hollywood e na reprise/remake/redublagem de Betty, a Feia.

 TV aberta, piada manjada.

Temos então a Band, e eu vou admitir que não nutro nenhum pensamento especial por ela. Não gosto, mas também não odeio. Entretanto, há de se convir que a Band só ficou bem com a galera de uns tempos pra cá: Culpa do PT, da bancada evangélica, dos conservadores e da galerinha politizada engajada do barulho. Porque sejamos sinceros, alguém que dá trabalho pro Gilberto Barros não é lá grandes merdas. E ainda tem a Daniella Cicarelli; o fatídico Datena, que tá lá até hoje; e o Boris Casoy, chutado da Record. Não vou nem começar a falar de CQC e Pânico porque senão perco o rumo do texto.

E tem a Record. A Record que aceitou a Sabrina Sato quando nem o Pânico quis a Sabrina Sato, depois que a Globo não querer a Sabrina Sato. A Record que passa Cidade Alerta. A Record que tem um monte de programa cujos nomes deliberadamente lembram os nomes de outros programas da Globo. A Record que não só reprisa um monte de série já reprisada como ainda dubla porcamente várias outras.

Pausa: Chorem, fãs de Breaking Bad.

Continuando: A Record que dá emprego pra Adriane Galisteu, Justus e, ainda pior, pra EX-mulher do Justus e pro Rodrigo Faro. Agora, o Rodrigo Faro é um caso à parte. Ok, o programa dele é aquele troço vergonhoso lá, mas há de se convir que ele sabe o que faz no programa e, ainda mais, com a carreira dele. O Rodrigo Faro é uma versão mais bonita, em forma e mais popular do Bruno de Luca. O Rodrigo Faro bem que podia tocar o foda-se pra geral e fazer o que Gugu, André Marques, Celso Portiolli e tantos outros falharam: Cair nas graças do público. Acontece que a Record não é sobre o Rodrigo Faro, é sobre até quando vão tentar emplacar alguma obra merda sobre Jesus. E, afinal de contas, já temos canais só disso, não precisamos do Marcos Mion entre uma missa e outra.

 O Dinho Ouro Preto da televisão brasileira, cara.

Com as grandes se matando mutuamente entre si, o filé sobra pros peixes pequenos: TV Brasil, Cultura, Gazeta e CNT, que é coisa de gaúcho, então já perde pontos. É um tanto triste se você for no site e começar a fuçar na programação, mas aí você vê que o público alvo, além da gauchada, é carioca e nordestino e passa a ignorar mesmo.

A Gazeta. A Gazeta ostentava uma imagem do Faustão, graças à promoção do Guaraná Antártica, em seu site, quando nele entrei. É na Gazeta que passa A Máquina, um programa meio bobo, mas que eu gosto, e que acho que deveria ter mais tempo. É também na Gazeta que passa o Hoje Tem, um programa sobre lugares descolados, tipo agenda cultural, que te ludibria com o seu título e espera que a apresentadora se entregue mais ao trabalho. De resto, a Gazeta não me chama muito atenção, é tudo meio genérico… Talvez eu devesse assistir mais, mas aqui em casa não pega.

A TV Brasil é, de todas, a que eu menos conheço. Foi fundada em 2007, pelo Lula, então quem pode me culpar de ficar com o pé e os olhos atrás? O que eu sei é que ela tem uma grade de programação gigante, grande parte voltada para artes, documentários, exibições, programas educativos (Incluindo o Telecurso) e vários e vários programas infantis que as crianças nunca gostam mas que são melhores que tudo que passa no Discovery Kids. É o típico canal que passa várias raridades que são realmente boas, mas que você nunca sabe que ia passar… Pode ser que até nossa meta de 2050 o troço tome jeito.

 Que bonito, que legal!

E tem a Cultura. Eu já falei rapidamente da Cultura várias vezes, e vou repetir: O problema da Cultura é que eles não aliam qualidade com interesse. A Cultura tem alguns dos melhores desenhos infantis, os melhores documentários, a melhor programação cultural ah vá, sabe investir em séries e tem o melhor programa de entrevistas do país, o Roda Viva, mas não sabe usar nada disso. O resultado é que, se você botar no canal e estiver passando alguma coisa, vai assistir feliz da vida, mas quando vier a propaganda quase não vai ter saco pra esperar o programa voltar. Alie isso à alguns programas de extrema qualidade, mas sem apelo algum, e você tem o potencial desperdiçado da Cultura.

 Tem que ter coragem…

Pois então, cá estamos, 2050. A Globo afundou; o Silvio Santos morreu e levou o SBT; a RedeTV! é ainda mais piada pronta do que era há 36 anos; a Band tá no bico do corvo já que, até 2050, é tempo suficiente pra termos uma ditadura neo-liberal-direitista-pelo-poder-de-Che-e-a-ordem-do-Senhor, e todo mundo se foder com a revolução convervadora-social-pela-paz-e-pela-liberdade-dos-descrentes, e os revolucionários se foderem quando o país ficar for expulso da FIFA; e a Record ou vai estar nos louros de toda a bagunça ou vai ter caído por escolher o lado errado todas as vezes. A Record é, sem dúvida, nossa melhor chance, pra vocês terem uma ideia do nível que atingimos.

É quase que certeza dizer que CNT e TV Brasil não sobrevivem até lá, afinal, a gauchada vai tentar sua independência de novo, São Paulo vai tentar a independência do Rio e todo o Sul e Sudeste vão tentar a independência do Nordeste. Se o Norte ficar de boa na dele pode ser que passe em branco. E assim é o fim da CNT, e sem uma unidade nacional foda-se uma TV nacional. Se a Gazeta tomar vergonha na cara e investir no que tem de bom (E fazer mais coisas boas), sobrevive, caso contrário continuará a ser o que é hoje: Um troço médio, sem grande importância, que come pelas beiradas enquanto os outros não estão olhando, mas que não vai chegar ao meio do prato.

E a Cultura, que fica nesse impasse… Por um lado, se ela deixar de pertencer ao Estado de São Paulo, ela perde grande parte da vantagem que tem, mas, por outro lado será melhor administrada… Eu não sei se a Cultura se aguenta. Há tempos ela teria fechado se fosse particular, independente dos bons programas e do sucesso de alguns deles… Bem que a Cultura poderia ter um esquema que nem a BBC, não com impostos sobre TVs, mas sobre algum outro imposto que todo mundo já paga e nem liga mais, garantindo assim a verba e uma independência como emissora… Não custa sonhar.

 Aposto que cês tudo assistiriam.

E é exatamente por esse cenário de merda na televisão brasileira do futuro que você deveria parar de frescura, dar boa noite pro William Bonner, votar no paredão do BBB e ficar feliz da vida de assistir a próxima novela das nove. Pra que, daqui há três décadas, nossos filhos não tenham que aguentar versões piores das porcarias que temos hoje, mas sim exatamente as mesmas porcarias que temos hoje, recauchutadas, modernizadas e, com um pouco de sorte, com dublagens melhores.

http://www.youtube.com/watch?v=SP2oEnsaONQ

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