Charles Bukowski

Livros sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Charles Bukowski é um escritor único. Escatológico, melodramático, cínico, marginal, antiacadêmico, anti-grupos literários, lírico, alcoólatra, machista, politicamente incorreto, maldito, anarquista e um grande escritor. Perdeu os melhores anos de sua vida se entorpecendo, vagabundando, morrendo e odiando a tudo e a todos, menos as bebidas, as putas e os bares.

 Faça como eu, martele as teclas com força…

Escritor compulsivo, lançou mais de 45 obras, entre romances, contos e poesias. Seus livros mais famosos são os romances Cartas na Rua, Factotum, Mulheres e Misto Quente, o livro de poesias O amor é um Cão dos Diabos e as coletâneas de contos Ereções, ejaculações e exibicionismos, Numa Fria, Ao Sul de Lugar Nenhum e Crônica de um amor louco.

http://www.youtube.com/watch?v=lJzFzcFpG54

Suas principais influências foram Fiódor Dostoiévski e Ernest Hemingway. O primeiro pelo pessimismo, e o segundo pelas frases curtas e jeito simples de escrever. Bukowski ganhou a vida por muito tempo lendo suas poesias em universidades e outros eventos culturais. A maneira como lia suas poesias era sarcástica, bêbada e debochada, o que sempre provocava tumultos pela maioria dos locais onde se apresentou.

 Don’t try!!

Se buscarmos uma tradição para o escrever de Buk, talvez encontremos em dois escritores americanos renegados: Henry Miller (Trópico de Câncer/Trópico de Capricórnio) e John Fante (Pergunte ao pó). Vejo em Buk muito dos romances considerados mal escritos por Miller: Pornográficos e autobiográficos e do lirismo decadente de Fante. Sua simplicidade em apenas se assumir como um perdedor, sem nenhum cinismo, apenas honestidade. Quem descobriu Fante para o mundo foi o velho Buk, numa de suas andanças pela biblioteca quando não estava bebendo no bar.

Alias, numa epígrafe dos romances de Miller (Trópico de Câncer) lemos:

Estes romances cederão lugar, pouco a pouco, a diários ou autobiografias -livros cativantes, desde que um homem saiba escolher, entre o que chama sua experiência e saiba registrar verdadeiramente a verdade”.

E a verdade de Buk é o dia-a-dia da classe trabalhadora norte-americana. Seus subúrbios, suas brigas, seus sonhos, suas palavras. Nos seus personagens simples, complexos e por isso mesmo tão reais, vê-se a decadência do american way of life. Um país tão rico e orgulhoso de si que tenta esconder seu lado escuro, sujo mesmo.

A literatura de Charles Bukowski entra neste contexto, narra a vida das pessoas comuns: Que trepam, que se ferram pra pagar aluguel, que bebem, que trabalham ou não são inteligentes ou cultas a ponto de serem vencedoras na sociedade. Tanto que analisando criticamente a literatura bukowskiana, pode-se dizer que os livros dele são em sua grande parte iguais, tanto o estilo narrativo cru, tosco e por aí chegando ao poético. Até as histórias, sempre narrando a vida dessas pessoas, no caso sempre ele, centralizador dos sentimentos e do estilo de vida pelo qual essas pessoas marginalizadas vivem.

 Vai um trago aí?

A fama do escritor só veio na década de 80, época em que conviveu com artistas e teve filmes inspirados em suas obras. Crônica de um amor louco, do genial diretor italiano Marco Ferreri, e Barfly – Condenados pelo vício, de Barbet Schroeder (Cuja história de como foi escrito o roteiro está presente na integra no livro do próprio Buk, Holywood) e recentemente no filme estrelado por Matt Dillon, Factotum. Apesar da atuação incrivel de Mickey Rourke como o próprio Buk em Barfly, o filme de Ferreri é mais profundo, mais escatológico, mais bukowskiano. No entanto os dois filmes retratam com maestria a decadência dos subúrbios e o lirismo bêbado dos livros de Buk.

Charles Bukowski não teve muitos herdeiros. Sua escrita era única e especial. Mas ele não estava muito preocupado com isso. E não se importaria com um babaca de classe média brasileiro escrevendo sobre ele. E é por isso que escrevo sobre ele. E você que está lendo, foda-se. Qualquer problema que tiver comigo é seu.

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