A Liga Extraordinária, Volume II (America’s Best Comics)
Há muito, muito tempo atrás, na aurora do tempo, havia um colunista do AOE, conhecido pela alcunha de Black. Induzido por overdoses de benflogin e salame de chow-chow, ele resenhou o primeiro volume d’A Liga Extraordinária. Depois de tantos anos, no entanto, ninguém cumpriu seu legado de resenhar o resto da obra, o que o levou ao suicídio. Hoje, seu fantasma assombra a OLOLCO Corp., arrastando tentáculos e gemendo “Dattebayo” pelos corredores. Para nos livrar desse incômodo fantasma, cumprirei seu legado e resenharei o segundo volume d’A Liga Extraordinária.
Como vocês devem saber, a Liga é composta por personagens ficcionais da literatura: Allan Quatermain (As Minas do Rei Salomão, de Henry Rider Haggard), Dr. Jekyll/Mr. Hyde (O Médico e o Monstro, de Robert Louis Stevenson), Capitão Nemo (20.000 Léguas Submarinas, do mestre Júlio Verne), Mina Harker (Drácula, de Bram Stoker) e Stewie Hawley Griffin (O Homem Invisível, de H. G. Wells). E, como no volume anterior, o roteiro baseia-se numa obra de H. G. Wells. Se o Volume I usava O Primeiro Homem na Lua como base de roteiro, aqui, esse papel vai para Guerra dos Mundos – e, por favor, esqueçam aquele filminho com Tom Cruise.
Nesse segundo volume, as coisas esquentam MUITO. Se, durante o primeiro volume, a ação era focada na resolução de um roubo/furto e numa guerra civil no centro de Londres, aqui a coisa desgringola de vez: A Terra está sendo invadida por uma raça alienígena desconhecida, fugida de Marte (Apesar de não ser nativa de lá). Ao analisar os invasores, descobre-se que, devido à gravidade terrestre, estes não podem se mover, o que os torna inofensivos sacos de gosma inerte, certo? Claro que não! Mesmo nesse estado enfraquecido, eles ainda possuem seus raios térmicos, e carbonizarão qualquer um que ouse se aproximar. Com a área ao redor evacuada, os aliens constroem, em uma noite, os famosos tripóides, que começam a espalhar o caos pela boa e velha Inglaterra.
Enquanto os tripóides são construídos, Hawley Griffin trai a Liga, se aliando aos ETs. Allan e Mina viajam sozinhos, buscando um cientista/cirurgião que possui a solução para os problemas do mundo. Griffin ajuda a sabotar o Náutilus, e Londres inteira vira um campo de guerra. Qualquer coisa a partir daqui é spoiler, mas teremos ainda a morte de dois personagens principais.
Nesse volume, boa parte dos personagens evolui de modo espantoso. Quatermain e Mina finalmente deixam de briguinhas e começam a se pegar; Mr. Hyde, aos poucos, vai se tornando menos bruto e selvagem, e tem grande exposição na história (Ao contrário de Jekyll, que só aparece uns poucos instantes). Griffin continua a mesma coisa de sempre: Mesquinho, furtivo e covarde, e, agora, um traidor (O que eu considero um retrocesso, uma vez que ele foi o salvador da pátria no primeiro volume); e Nemo… bom, quando você chega ao topo, não tem mais para onde ir, e é isso que acontece com Nemo, que continua tão soberbo, altivo e enojado da humanidade quanto antes.
A arte, como vocês já devem saber, é colorida, bem detalhada e, de modo geral, inspirada num tema meio cyberpunk, quando possível. Uma vez que o roteiro é do Alan Moore, vocês podem ter a certeza de uma boa história. Ao final da história principal, ainda há material adicional sobre a Liga e o mundo da mesma, em formato de almanaque. Esqueçam o filme, comprem a HQ e divirtam-se!
A Liga Extraordinária, Volume II
The League of Extraordinary Gentlemen, Volume II
Lançamento: 2002
Arte: Kevin O’Neill
Roteiro: Alan Moore
Número de Páginas: 233
Editora: DC Comics (Selo Wildstorm)
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