Rage Against the Machine

Música sábado, 15 de março de 2008

O nome já diz tudo. Rage Against the Machine é pura fúria. O melhor do punk, do funk, do heavy metal e do hip hop misturados, como um molotov na cara da política. O vocal raivoso de Zack de la Rocha junto aos efeitos sensacionais da guitarra de Tom Morello, o baixo marcante de Tim Commerford e a bateria furiosa de Brad Wilk funcionam muito bem com as letras revolucionárias e políticas da banda. É a prova irrefutável de que a revolução raivosa pode ser bem mais do que aqueles “odeie o sistema” vazios que se ouve em tudo o que é buraco por aí. É a fúria sonora mirando no coração da política do controle de massas. Uma bota na cara dos porcos no poder. E um som do caralho! Come wit it now, motherfuckers!

Bulls on Parade, do segundo disco dos caras, Evil Empire

Vou lhes contar como tudo começou. Em meados de 1991, lá estava Morello, pouco depois de sair de sua banda, Lock Up, ouvindo um chicano louco pirar tudo no rap freestyle. Depois de dar uma olhada nas letras do cara, Morello pensou “maluco! é ISSO que eu tava procurando!”, e chamou o cidadão pra formar uma banda. Esse era Zack de la Rocha, que havia começado com o freestyle depois que sua antiga banda de hardcore punk, Inside Out, terminou.

Zack passou por uma vida complicada, se irritando primeiro com seu pai, Roberto, um fanático religioso que sofreu um colapso nervoso, levando seu fanatismo ao extremo. O cara resolveu que devia destruir toda a arte que tinha feito, e quando o filho o visitava, o fazia ficar de jejum, sentado, com portas e janelas fechadas pelo fim de semana todo, destruindo quadros. Piração total pra cabeça de qualquer um, mas se mudar com sua mãe para Irvine não ajudou em muito. Lá, no meio de um monte de brancos racistas, Zack sentiu na pele o preconceito. E foi cantando que o cara conseguiu expulsar toda a sua raiva. E, convenhamos, o cara sabe encaminhar sua raiva melhor do que muitos dos furiosos mais ilustres que já se viu, como G.G. Allin, por exemplo.

Pra completar a coisa toda, Zack convenceu Tim Commerford, seu amigo de infância, a tocar baixo, enquanto Morello trouxe Brad Wilk, que tinha tentado ser baterista da Lock Up, sem sucesso. A combinação dos caras deu tão bem que a banda só teve uma formação. E eles conseguiram chamar a atenção das gravadoras bem rápido. Foi com a Epic Records que os caras assinaram contrato, e, pra felicidade de muita gente hoje em dia, os caras da gravadora não podaram em absolutamente nada a banda. Com liberdade total pra chutar o balde, os caras mandaram ver e fizeram esse som do caralho que todo mundo conhece hoje. E desde o começo os caras já caíram matando com as letras revolucionárias, como você confere no clássico Killing in the Name, do primeiro álbum dos malucos:

E ao vivo, ainda, pra vocês pirarem mais.

O álbum, Rage Against the Machine, traz na capa a imagem de Thích Quảng Ä?ức, monge budista vietnamita, queimando a si mesmo, num protesto contra a matança e opressão a budistas que ocorria no regime de Ngô Ä?ình Diệm, primeiro ministro do Vietnã do Sul. O álbum foi sucesso absoluto, sendo três vezes platina, entrando pro livro 1001 álbuns que se deve ouvir antes de morrer e sendo um dos 500 melhores álbum de toda a história, segundo a revista Rolling Stone.

No segundo disco, Evil Empire, a Fúria aumentou ainda mais, bem como as peculiaridades do som do Rage. Morello mudou completamente seu estilo na guitarra, passando dos tappings e palhetadas rápidas pros efeitos completamente bizarrões conhecidos no RatM. Scratches lembrando o trabalho de DJs e sons mais do que completamente distorcidos sempre marcaram os solos do RatM, e fizeram de tom Morello um guitarrista realmente único. O som dos caras continuou assim, empolgante e misturado pra cacete, no terceiro álbum da banda, The Battle of Los Angeles.

“Me queimo mesmo, maluco! Tô puto!”

A polêmica, sempre presente em toda a história da banda, certamente continuou. Por exemplo, a apresentação de duas músicas da banda no Saturday Night Live, em abril de 1996, foi reduzida a uma, graças á “homenagem” ao candidato Republicano á presidência, Steve Forbes, que foi o anfitrião do show naquela noite: Bandeiras americanas penduradas de cabeça pra baixo nos amplificadores do Rage. Em 97, a banda abriu os shows da turnê do U2, e todo o lucro dos caras foi mandado pra organizações como a Women Alive e o EZLN. Várias vezes a polícia quis, sem sucesso, cancelar os shows da turnê do RatM com o Wu-Tang Clan. Rally ‘round the family, pocket full of shells. Mas eu creio que seja bom dar um destaque á gravação do clipe de Sleep Now in the Fire, dirigida por Michael Moore e feita na frente da Bolsa de Valores de Nova York, que fez com que as portas da Bolsa fossem fechadas no meio da tarde. Moore sofreu uma ameaça de prisão e o RatM foi retirado do local por seguranças. Agora, presta atenção nos funcionários da bolsa pirando no som dos caras:

A banda se separou em 2000, pouco antes do lançamento de Renegades, um álbum de covers da banda, com músicas de gente como Bob Dylan, Minor Threat, Rolling Stones e Cypress Hill. A separação aconteceu porque o RatM não vinha conseguindo trabalhar em grupo, segundo Zack. Em suas próprias palavras: “Sinto que é necessário abandonar os Rage pois não estamos a conseguir tomar decisões em conjunto. “Já não funcionamos como um grupo e eu acredito que esta situação está a destruir os nossos ideais políticos e artísticos. Estou muito orgulhoso do nosso trabalho, quer como activistas quer como músicos, e também grato a cada pessoa que expressou solidariedade e partilhou esta incrível experiência conosco”. E assim os caras se separaram, sem ressentimentos, nem brigas espalhafatosas. Os covers dos caras realmente ficaram empolgantes. Claro que você vai conferir não só um, mas DOIS exemplos logo abaixo:

Renegades of Funk, de Afrika Bambaataa & the Soulsonic Force
How I Could Just Kill a Man, do Cypress Hill.

Você provavelmente já sabe que todos da banda, exceto Zack, formaram o Audioslave, com Chris Cornell, saído do Soundgarden, no vocal. A banda ficou boa, até. Cochise é muito bacana, mas Rage é Rage. Do outro lado, Zack passou a trabalhar em projetos solo por algum tempo, mas eu realmente não saberia falar muito sobre isso pra vocês.

No fim das contas, você pensa “puxa vida, esse pirata imundo só me recomenda coisa que eu já não posso mais ver”. Terrível engano, caro leitor. A banda se reuniu em 2007, no festival Coachella, pouco antes de Cornell largar o Audioslave. Claro que os fãs já começaram a ficar espertos, aguardando uma possível volta do RatM. Segundo os músicos da banda, a reunião aconteceu porque o som do Rage aparentemente foi feito para o momento. Os caras ficaram muito putos com o governo de George W. Bush, aparentemente. E com a Fúria de volta, talvez não seja esperar demais que os caras resolvam voltar de vez a tocar.

Ah, claro!Dizem os boatos que o RatM vai fazer turnê pela américa do sul ainda esse ano, e, possivelmente, virá para o Brasil. O que seria muito do caralho, eu devo dizer.

Por fim, acho qu o melhor modo de me despedir dessa vez é com mais um vídeo. Dessa vez, vocês ficam com o clipe genial de Testify, também dirigido por Michael Moore. A sacada dos caras foi simplesmente do caralho! Now testify!

Agora, o que realmente me deixa puto é saber que vocês deixam uma maravilha dessa passar batida e ainda tentam me dizer que veados como esse é que são parte do “cenário alternativo hardcore de protesto do roquenrôu”. Tá bom. Vocês são punks, e eu sou o Barba Negra. Frangos.

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