O que você está aprendendo a escrever agora?

Livros quarta-feira, 26 de abril de 2017

Por falta de assunto tive uma ideia interessante nem tanto assim: Escrever é o tipo de coisa que gente pra caralho faz, e não poderia ser diferente, sendo o jeito mais fácil, rápido e prático de documentar alguma coisa, mas que comumente adquire ares de grandiosidade sem muito motivo pra isso. Tendo em vista de que a grande maioria do que é escrito com intuito de ser lido por outras pessoas (Textos como este aqui, por exemplo, ao oposto de listas de compras ou recados do telefone – textos querem transmitir um pensamento ou ideia ao invés de ser um memorando), resolvi compartilhar com vocês as maiores dificuldades atuais na minha escrita.

Em palavras muito mais práticas e agradáveis de se ler (Mas que não preenchem o espaço do parágrafo introdutório do texto): Já que eu passo tempo escrevendo coisas que outras pessoas leem pppfffffff, posso muito bem compartilhar também o que eu escrevo e sei que não serve nem mesmo pra ser chamado de porcaria.

Eu tenho um grave problema no que tange minha capacidade de colocar o que eu penso no papel. Na prática isto se traduz em duas vertentes: Eu sou péssimo escrevendo diálogos e eu continuamente perco boas ideias por não escrevê-las.

A primeira é meio esquisita: Consigo perfeitamente criar diálogos na minha cabeça, mas escrever diálogos é um martírio pra mim. Se isso me faz parecer ligeiramente autista, tudo bem, eu também não acho que seja muito normal.

A questão é que diálogo é mais sobre tom de voz e timming do que propriamente conteúdo e/ou informação. É claro que a troca de informações é o objetivo do diálogo, mas em efeitos práticos como você fala importa muito mais do que o quê. Não que eu tenha a ilusão de que a comunicação escrita, ou mesmo junto da não verbal/visual dos livros ou gibis (Mídias em que não há movimento; reprodução “real” do que é retratado), irá efetivamente representar a comunicação falada, mas mesmo dentro do possível, pra mim, a coisa é um desafio.

Porém minha dificuldade não se limita às palavras de um diálogo: A formatação textual, pra mim, fica sempre errada. Consigo muito bem ler qualquer tipo de diálogo quando outra pessoa escreve, mas quando sou eu escrevendo, não sai: Eu deveria usar o tradicional dois-pontos-travessão? Ou dar uma de desconstrucionista e ignorar formatação em favor da fluidez? Escrever um diálogo é, por definição, uma adaptação, no caso uma adaptação que, quando se trata da minha obra (E olha que “obra” está sendo usada muito bondosamente aqui), parece nunca sair de um jeito correto. Aquela coisa muito pouco científica de simplesmente olhar pra alguma coisa e ela estar errada de alguma forma.

A segunda é que, assim como a maioria das pessoas no mundo eu penso mais rápido do que escrevo; o problema real é que eu não tenho a capacidade de segurar um pensamento tempo o suficiente para escrevê-lo. Eu juro que não tenho nenhuma forma de déficit (Incrível como um único acento enfeia uma palavra, não?) ou dislexia. Não, meu problema é muito simples: Parar para escrever alguma coisa me faz perder o fio da meada oi, vó e, normalmente, eu não consigo voltar ao tal fio. Não que eu esqueça o que eu estava fazendo, mas a corrente de pensamento se perde, logo, todo o sentido em escrever a tal coisa se perde também. É um ciclo vicioso.

Além, é claro, que a maioria das correntes de pensamentos são justamente isso: Vários pensamentos ligados por um ponto central, articulando entre si pra ter sentido. Eu, assim como todo mundo, penso muito mais do que eu sou capaz de escrever: Escrever se torna uma âncora, efetivamente atrasando o pensamento (Ou até mesmo o parando) a ponto de torná-lo inútil.

Pela união dos seus poderes Juntos, estes dois problemas significam que a grande maioria do que eu penso se perde. Não porque tudo que eu penso seja digno de ser lido, mas porra, conseguir botar a parada no papel seria legal. Porque, eventualmente, algo bom surge no meio de tanta bosta. Porque usar só diálogo indireto é cansativo e nem um pouco realista. E porque me irrita pra caralho quando eu sei que tenho um bom diálogo ou ideia e, quando sento pra escrever, puff já era.

 Pobrema resorvido.

Eu sei a solução pra ambas: Prática. E ao contrário da maioria das coisas da qual eu reclamo, ao menos pra estas aqui eu tô efetivamente me esforçando pra resolver. Escrever pra outras pessoas lerem passa por muitas etapas. E depois do fatídico momento em que a sua escrita passa a barreira inicial (Ou seja, é boa o suficiente pra se fazer entender pelo leitor), o que veem depois é uma questão de ajuste. Não que não importe, pelo contrário, é o que diferencia o que serve e o que é bom, mas não deixa de ser um salto menor que aquele inicial.

O ponto principal é que o que você lê, e não só de mim ou daqui do Bacon, mas literalmente tudo que você lê por aí que não seja uma placa ou o quanto de leite cê tem que trazer pra casa, passa por esse processo de melhoria. Diálogos e ideias perdidas são onde eu estou agora, mas todo mundo que escreve está em algum lugar… Este sou eu sendo bonzinho e te dizendo pra ser legal com as pessoas… E eu nem bebi… Mas então: Ser ruim em algo é parte do aprendizado. Melhorar também. Agora, se alguém acha que melhorou “o suficiente” ou acha que não pode melhorar mais… Bem, isso já é outro assunto.

Leia mais em: ,

Antes de comentar, tenha em mente que...

...os comentários são de responsabilidade de seus autores, e o Bacon Frito não se responsabiliza por nenhum deles. Se fode ae.

confira

quem?

baconfrito