Mídia Contraditória

Nona Arte quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Pois é, a semana já tá pela metade, a vida tá correndo e eu tô quase concluindo minha checklist semanal de atividades:

1. Estudar – Em andamento
2. Achar um torrent decente para baixar a discografia de Dream Theater, que perdi ao jogar uns DVDs velhos no lixo – OK
3. Plastificar o meu volume de O Romance d’A Pedra do Reino – OK
4. Passar do Templo da Sombra em The Legend of Zelda: Ocarina of Time – OK, mas esqueci de matar 2 Gold Skulltulas e vou ter que voltar lá mais tarde.
5. Alimentar os chow-chows com os corpos que estão no quartinho de despejo Fazer trabalho voluntário num orfanato de crianças cegas na noite de sexta, ao invés de sair com os amigos – Pendente.
6. Fazer o Nona Arte e o Bíblia Nerd da semana que vem – Meh, isso pode esperar.

Como vocês podem ver, tenho uma agenda meio corrida. Nos meus poucos momentos de lazer, inclusive aqueles na universidade quando o professor falta, tenho uma tendência a ler alguma coisa, se não tiver ninguém interessante por perto para conversar. Geralmente, sempre tenho um livro na mochila, junto com uma revista de palavras cruzadas e um caderno de notas onde faço esboços das minhas colunas.

No entanto, às vezes, ao invés de algum livro (geralmente de bolso, ou algum da Martin Claret), eu carrego por aí um volume de Sandman, geralmente Fábulas e Reflexões ou Terra dos Sonhos. E, invariavelmente, quando eu estou absorto relendo “Ramadã” ou qualquer história que seja, me aparece alguém para dizer que eu devia deixar de ler “gibi” e me dedicar a algo mais profundo, mais sério. Certa vez, uma conhecida, leitora contumaz de Dan Brown e da saga dos vampiros purpurinados, veio me dizer isso e, francamente, só não a fiz engolir os supracitados livros embebidos em arsênico devido ao fato de meu estoque ter acabado com um cara que disse que NXZero era rock (e também devido ao fato de ela ser uma gordinha de respeito. NUNCA mate gordinhas).

Após repetir por 30 minutos que mídia em quadrinhos era coisa de criança, ela se convenceu (mas não muito) de que realmente poderia haver conteúdo em HQs.

Mas, enfim, não é exatamente a discussão que importa, mas o princípio que a norteou: Histórias em quadrinhos (ou como dizem os lusófonos, “banda desenhada”) são coisa de moleque?

Sim e não, depende do que estamos falando.

Se o foco é revistas mensais de heróis (DC, Marvel, etc.), Turma da Mônica, o trabalho recente da Disney (os mais roots, como Don Rosa e Carl Barks, podiam ser considerados aulas entupidas de referências), Luluzinha e assemelhados, sim, com certeza é coisa de guri remelento que enche o saco do pai para comprar o Almanacão da Magali toda vez que vai numa banca de revista. Mas, fora a Saga do Tio Patinhas (que nem se encaixa tanto nessa categoria), não me lembro de nenhuma coluna abordando esse tipo de revista.

E, claro, temos o foco da área de HQ aqui do Bacon: aquelas HQs consideradas adultas. Várias delas, inclusive, premiadas e prestigiadas, tais como Watchmen, Sandman, Transmetropolitan, Preacher etc. Agora, me diga qual pai vai deixar seu precioso pimpolho ler Preacher? Um dos volumes, Guerra ao Sol (Obrigado TCZ!), mostra uma unidade do exército americano comandado por Herr Starr (pra quem não conhece, um militar fodão com nome de traveco alemão) levando uma surra minimamente sangrenta do Santo dos Assassinos. Depois da surra, Starr é aprisionado por caipiras canibais, mata os caras e foge pelo deserto – depois de ter uma perna transformada em refeição. E esse nem é dos piores. Mais sangrento, só o Penadinho.

Transmetropolitan, Watchmen e V de Vingança possuem um altíssimo teor político. Preacher é uma crítica velada à religião. Sandman reúne praticamente todas as mitologias numa história coerente, de modo que elas não entrem em conflito. Vai dizer que isso é coisa de criança bestalhona?

Agora, os best-sellers: Dan Brown usa o mesmo roteiro todo livro, só mudando o nome dos personagens e as informações passadas (Não estou criticando. Os livros dele são bastante bons para uma leitura rápida e sem compromisso). Stephenie Meyer é incapaz de fazer uma breve pesquisa ao Grande Oráculo e acaba escrevendo quatro (ou são cinco?) livros destruindo toda uma mitologia criada ao longo dos milênios.

Quer saber de uma coisa? Balconista, só vou levar esse volume de Morte, mesmo! (A três metros, o vendedor, comissionado, puto da vida, mira um Vade Mecum na minha cabeça).

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