Eu e meus quadrinhos

Nona Arte quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Olá amigos e amigas, tudo bem com vocês? Que bom. Estou aqui, deitado na minha cama, pensando no que escrever. Não que eu seja um vagabundo de última hora ou sem ideias aham, mas é que to gripado e com febre, e isso provoca algumas alucinações em mim. Não estou vendo elefantes rosas ou o Bat-Mirim e o Sr. Mxyzptlk dançando ciranda, mas essa tontura e essa inutilidade de ficar na cama cansado olhando pro meu teto me fazem pensar em coisas que eu não deveria, em busca de respostas que não fazem sentido para perguntas inúteis. Então eu, nessa enfermidade, me deparo com um guarda roupa cheio de gibis me encarando e eu não consigo deixar de perguntar: Por que eu guardo essas coisas?

Vamos entender a situação. Eu tenho pouco mais de 300 títulos. Eu deveria ter no mínimo uns 500 ou 600, mas eu perdi todos os gibis em uma enchente em 2008. Não me considero um colecionador, eu compro porque gosto de ler, e eu tenho eles porque… Bom, eu não sei bem porque. Veja bem, meus gibis ocupam um lado inteiro do guarda-roupa. Eles vivem desorganizados. Eu já tentei fazer algo organizado, tipo separar por editora, título, ano e etc, mas eu sempre bagunço tudo. Isso porque eu tenho costume de ler uns 4 ou 5 gibis antes de dormir, e quando eu digo ler eu quero dizer ler pela décima quinta vez. Logo após a leitura eles são cuidadosamente jogados no chão. Sim, cuidadosamente. Apesar de não dar um tratamento especial para os meus gibis, eu odeio quando eles amassam, então eu sempre tento evitar isso. Então resumindo, o meu quarto, na maioria das vezes, é um rio de gibis espalhados pelo chão, cama e cômodos.

 Tem alguém morto ai no meio

Isso é ruim? Bom, sim, é ruim, é um incômodo. Meu quarto é uma zona, e o guarda-roupa dos gibis vive enchendo de pó, então a manutenção é cansativa. Claro que isso é preguiça e vagabundagem minha, mas é chato mesmo assim. Esse incômodo me faz pensar em vários amigos meus que não tem gibis, que apenas lêem scans e só compram edições especiais. Também me faz lembrar que no passado o meu irmão fazia uma rotatividade com os gibis, ia ao sebo com os seus formatinhos e voltava de lá com outros. E que eu só não faço isso porque não compensa, você leva 10 gibis e consegue trocar por 5, não é lá muito bom. Talvez eu pudesse vender para um sebo, doar para alguém ou para uma biblioteca. Mas não.

Olha, eu gosto muito de gibi, mas sou mais apegado a história. Claro que eu gosto ler em mãos, a sensação de tocar o papel, o cheiro, o conforto da leitura, mas pra mim o que importa é a história e o momento que eu to lendo, e não como eu to lendo. Acho que eu tenho gibis por uma mistura de não gostar de abrir mão das minhas coisas e de ter todas essas histórias a menos de 1 metro de mim. Eu sei que toda vez que eu abrir o guarda-roupa eu vou poder escolher entre mais de 300 histórias, e cada gibi que eu puxo vem junto a nostalgia, o momento da compra, a primeira leitura, situações envolvendo essa obra e etc. Por exemplo, eu não consigo ler 300 sem lembrar que na época que eu lia formatinho da Marvel, com uns 12 ou 13 anos de idade, tinha a propaganda dessa história nas edições, e desde essa época eu me interessei por essa Graphic Novel. Toda vez que eu leio 300 eu lembro dos formatinhos Marvel, do que eu lia na época e também da época em geral, como eu era, o que eu fazia, o que tava acontecendo com o mundo, e etc e etc e etc. Que viagem cara. É, eu sei. Talvez eu seja estranho, ou talvez seja a febre, mas pelo menos é assim que eu me sinto em relação aos meus quadrinhos. Não to colecionando números, to guardando lembranças e sensações. Vocês são assim também?

PS: Fui contar quantos gibis eu tinha e cortei o joelho no guarda-roupa. Vou queimar esses putinhos.

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